É geralmente reconhecido que a fundação Open University britânica em 1969 estabeleceu o primeiro modelo pedagogicamente válido de ensino superior a distância. Nesse modelo a combinação de materiais escritos com emissões de rádio e de televisão com uma pedagogia actualizada, uma correcta selecção de autores e responsáveis pelas disciplinas e um suporte metodológico rigoroso, constituíram elementos essenciais para o sucesso alcançado.
A fundação da Universidade Aberta em Portugal, em 1988, insere-se neste processo de desenvolvimento e criação de estruturas de ensino a distância em quase todos os países do mundo.
Conceitos subjacentes. Auto-aprendizagem O papel do sistema de ensino é, neste caso, o de proporcionar ao estudante materiais didácticos que sejam considerados como suficientes para que ele possa efectivamente aprender, sem prejuízo de criar, ao longo deste processo, mecanismos que se destinam a orientar e a disciplinar o trabalho do estudante.
A exigência de um mínimo de maturidade capaz de assegurar uma eficiente repartida do tempo disponível, junto de um pressuposto de motivação: só esta poderá conferir alento para vencer fases de desencorajamento, para aumentar o esforço quando a progressao se revela mais difícil, ou para recomeçar de novo perante um resultado final negativo. O isolamento - inimigo maior do estudante em ensino a distância - tem de ser compensado por uma motivação forte que impeça a solução, por vezes mais fácil, de simplesmente desistir.
Nem todos os cursos são susceptíveis de uma leccionação em puro regime de ensino a distância; atente-se o caso de disciplinas de formação de base que exijam uma forte componente experimental ou laboratorial: daquelas que se destinam ao adestramento de capacidades manuais; no caso das que implicam relações de tipo interpessoal ou social. A solução passa pela introdução, no programa lectivo em regime de ensino a distância, de uma componente intensiva de ensino presencial, por recurso a protocolos com universidades convencionais que facultem o uso das suas instalações específicas durante períodos em que não sejam normalmente utilizadas.
Uma das principais características do ensino a distância é a sua flexibilidade, em termos de não estar vinculado a um espaço físico único para todos os estudantes e à necessária presença de um professor, em dias e horas fixadas para as actividades lectivas. O estudante escolhe o seu local de trabalho, o seu período diário e semanal de ocupação em tarefas de aprendizagem.
A ausência de contacto continuado entre estudantes e professores tem como consequência a necessidade de fixação, explícita e prévia, dos objectos de aprendizagem, cada um dos quais deverá traduzir, afinal, a existência de um programa de aquisição de conhecimentos; o ensino a distância tem, neste particular, algumas características do que se designa por ensino programado.
O elemento base para a aprendizagem em regime de ensino a distância continua a ser constituído por textos escritos. O seu principal componente é o manual, que, para cada disciplina, define os objectivos e apresenta os conteúdos a integrar pelo estudante.
Em contraposição ao material escrito, os elementos didácticos em discursos audio ou video não devem ser considerados como conjunto de lições, pois que não é essa a sua função. Devem servir para ilustrar, aduzir dados colaterais, sintetizar, concluir, para analisar sob outro prisma os assuntos introduzidos no texto escrito.
A experiência tem mostrado que em muitos casos as dúvidas manifestadas pelos estudantes são menos relacionadas com conteúdos científicos do que com problemas de organização individual do trabalho, de motivação ou de autoconfiança, ou relevam do foro administrativo e regulamentar. Qualquer que seja a natureza da dificuldade experimentada, é perigoso que o estudante não tenha a sua mão os meios de ultrapassá-la, arriscando-se ao bloqueio da sua progressão, ao desencorajamento e à depressão.
Praticamente todos os sistemas de ensino a distância prevêem, mecanismos de contato personalizado com estudantes. Dada a dispersão geográfica, é usual instalar uma rede de Centros de Apoio descentralizados, onde os estudantes se podem dirigir para a resolução de problemas ou dúvidas.
Vale a pena analisar, por outro lado, o papel pedagógico dos testes formativos parciais, que são de resolução absolutamente essencial para todos os estudantes inscritos. Uma das suas funções é a de "obrigar" o estudante a debruçar-se sobre os conteúdos das questões propostas, a confrontá-los com os conhecimentos já adquiridos e a formular, com base nisso, a resposta apropriada para cada um dos itens.