UNIVERSIDADE E INTEGRAÇAO

Antonio C. Gonçalves Borges. Reitor da Universidade Federal de Pelotas.

A velocidade das ações em diferentes campos do conhecimento e as grandes transformações sociais estão entre as características marcantes deste século. O aprimoramento do pensamento humano e das condições de vida, entre outros fatores, induziram à união de todos os povos vizinhos, formando blocos e regionalizando, desse modo, o planeta. Na América do Sul, a formação do Mercosul deveu-se à vontade política do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A realidade integracionista, entretanto, somente pode se tornar palpável com o apoio interno de cada nação, com a efetiva conscientização das comunidades que vivem naqueles países.

As universidades têm sido questionadas, como tantos outros órgãos públicos, quanto aos serviços que prestam à sociedade e muitos, desavisados, consideram-nas pouco eficientes e alheias aos propósitos para os quais foram criadas. Por isso, neste período de relevantes transformações, as universidades devem não somente refletir sobre seu papel social, mas passar a executar as tarefas fundamentais para o desenvolvimento da região onde estão inseridas. Somente os compromissos com o ensino e a pesquisa (esta quase sempre insipiente) não bastam. Portanto, é necessário que as suas atividades de extensão estejam voltadas para o desenvolvimento regional.

A abertura das fronteiras exige condutas que levem ao progresso regional com a maior brevidade possível. As universidades têm que exercer sua tarefa rumo ao desenvolvimento. Neste particular cabe a elas o papel de difundir os benefícios da integração, o estudo de medidas capazes de minimizar alguns efeitos negativos que certamente irão estar presentes naquele processo.

É essencial despertar, nos habitantes das regiões menos desenvolvidas, a consciência das potencialidades do meio onde vivem e as possibilidades de, a curto, médio e longo prazos, alterar para melhor suas condições de vida. Sob essa ótica, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) obteve do Governo Federal a transferência dos bens patrimoniais da Seção Brasileira da Comissão Mista, conforme decreto presidencial de maio de 1994. Desde então, a área de atuação da UFPel se estendeu à fronteira do Uruguai. Em seguida, foi inaugurada a Agência de Desenvolvimento da Universidade pelos chanceleres do Brasil e do Uruguai, e reuinões com delegações dos ministérios de Relações Exteriores dos dois países, foram realizadas naquele órgão, tratando de projetos binacionais, com reflexos para mudanças da região sul.

Ao gerenciar as duas grandes barragens do Chasqueiro e do São Gonçalo e ao dirigir projetos de açudagem, treinamento rural e formação de recursos humanos para a educação do interior dos municípios da região a UFPel participa, de forma efetiva e ágil, da inovação no campo do ensino. Contudo, os bons resultados dependem não somente da velocidade aumentada de alguns, mas da ação solidária de todos.